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Dica Cinestória #1 – O nome da rosa

  • Foto do escritor: Projeto Cinestória
    Projeto Cinestória
  • 10 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 19 de out. de 2020

*Texto publicado originalmente no antigo blog do Cinestória em 27 de março de 2017.


Ambientado em um mosteiro beneditino na Baixa Idade Média, com uma trama de mistério, um personagem marcante interpretado por um ator igualmente marcante, "O nome da rosa" é um dos meus filmes favoritos e um clássico para professores e professoras de História. Baseado no livro homônimo do linguista, semiólogo e literato italiano Umberto Eco, o filme de 1986 foi dirigido por Jean-Jacques Annaud (diretor do também clássico das aulas de História "A guerra do fogo") e teve consultoria histórica de nada mais, nada menos que Jacques Le Goff, medievalista ligado à Escola dos Annales.


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Assistir "O nome da rosa" é um ritual obrigatório para minhas turmas de primeiro ano de Ensino Médio. A partir do filme, trabalho diversos conteúdos: poder da Igreja Católica na Idade Média; a mentalidade medieval, extremamente marcada pela religiosidade; a visão sobre a sexualidade e sobre a mulher neste período, entre outros aspectos. Procuro sempre trabalhar esse filme junto com a disciplina de Filosofia. A discussão interdisciplinar permite discutir também as diferenças entre conhecimento religioso, científico e filosófico e a própria história da Filosofia, abordando a transição entre o pensamento medieval e o pensamento renascentista.


O filme é bastante marcado por cores escuras e cenas de pouca luminosidade, que, por vezes, até dificultam a absorção de todos os detalhes. Essa obscuridade representada na obra nos remete a duas questões principais: o período retratado na obra, como um momento histórico em que a construção do conhecimento estava restrita a poucos espaços, sendo a maior parte deles controlados pela Igreja Católica; mas também dialoga com o clima de suspense, mistério e investigação que marca a trama.


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As primeiras sequências do filme têm um ritmo lento. Associada às imagens escuras e ao fato de ser um filme “antigo”, na percepção dos estudantes do Ensino Médio, causa nos adolescentes uma primeira impressão não muito positiva. Eu sempre digo a eles: esperem, não durmam ainda, vocês vão gostar. Quando entra em pauta a primeira morte do filme e William de Baskerville (Sean Connery) mostra a seu pupilo/escudeiro Adso von Melk (Christian Slater) que as evidências apontam para um assassinato e não um suicídio, o clima na sala de aula muda: os estudantes já estão envolvidos pela trama do filme.


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Além de ser um bom filme histórico, com uma ótima contextualização histórica da trama, dos personagens e um grande cuidado com a construção dos elementos de figurino e cenário¹, "O nome da rosa" é um bom filme. Com uma trama de crime, mistério, investigação, marcado por intrigas políticas, perseguição da Inquisição e com uma pitada de romance proibido, o filme agrada professores de História e consegue envolver adolescentes de 15 anos – dois públicos que nem sempre concordam entre si.


Todo ano assisto a este filme pelo menos duas vezes com minhas turmas de Ensino Médio. Nunca me canso dele. Acontece isso com os filmes que moram em nosso coração. Esse ano não será diferente. Primeiros anos de 2017, me aguardem!


Isabel Cristina Hentz

Professora de História do IFSC Câmpus Jaraguá do Sul - Centro


¹ Para saber mais sobre a caracterização do período medieval no filme O nome da rosa, sugiro a leitura do texto “Cinema e ensino de história: a Idade Média em O Nome da Rosa de Jean-Jacques Annaud”, de Edlene Oliveira Silva, e o documentário A abadia do crime, presente nos extras do DVD do filme e citado no texto de Edlene.

FICHA TÉCNICA

Título original: The name of the rose

Gênero: Suspense

Direção: Jean-Jacques Annaud

Elenco: Christian Slater, Elya Baskin, F. Murray Abraham, Feodor Chaliapin, Michel Lonsdale, Ron Perlman, Sean Connery, William Hickey

Duração: 118 minutos

Ano de produção: 1986

País de origem: Alemanha / França / Itália

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