Dica Cinestória #29 - O Fotógrafo de Mauthausen

Projeto Cinestória
18 de dez. de 2020
3 min de leitura

O filme ‘’O Fotógrafo de Mauthausen’’ é um drama bibliográfico que recria as atrocidades nazistas cometidas nos campos de concentração, através dos registros fotográficos daquele momento histórico, onde são retratadas as mazelas do campo de concentração. Fatos que vieram à tona devido à bravura do soldado Francisco Boix e de vários outros presos, que esconderam diversos negativos de cenas chocantes durante a Segunda Guerra Mundial.

“Mauthausen ficava na Áustria, a 5 KM de Gusen – anexo do campo de concentração, onde prisioneiros com deficiência física ou incapacidade laboral eram enviados para morrer. Era situado a cerca de 20 KM da cidade de Lins, inicialmente consistia apenas em um pequeno campo, mas com o tempo, transformou-se num dos maiores complexos de trabalho escravo da Europa ocupada pela Alemanha durante a II Guerra Mundial.”¹

Ao longo do filme aparecem algumas cenas em que se monta todo um cenário para enganar os europeus, vendendo a imagem de um local com diversas possibilidades de lazer e trabalho, o que gerou a vinda de diversos refugiados de uma guerra perdida, que fugiam da miséria e da fome.

Dentro do complexo existiam algumas divisões abaixo da hierarquia da SS (generais e comandantes a mando de Hitler), os Kapos que são prisioneiros que viraram carcereiros e os prisioneiros que eram identificados pela cor dos triângulos existentes nos uniformes, sendo que o verde - primeiros a chegar - eram estupradores, ladrões e assassinos e os azuis eram pessoas expatriadas - poloneses, russos, alemães, austríacos, nazistas, políticos e criminosos de guerra.

O enredo demonstra desprezo dos nazistas a vida dos presos, colocando os mesmos em situação de humilhação, tortura, escravidão e morte. Considerando os números extraordinários de mortes ocorridos nesse local, trata-se de genocídio em massa: um total de 4.435 espanhóis, entre 7.532 detidos, morreram no campo de concentração nazista de Mauthausen durante a Segunda Guerra Mundial.

Mauthausen foi um campo que tinha como objetivo encarcerar presos políticos que faziam parte de um nível sociocultural elevado com maior grau de instrução e conhecimento, pois o objetivo de Mauthausen era a fabricação de armas e munições, peças de aviões, minas e pedreiras. Mantendo os alemães armados e munidos para continuar as guerras com um arsenal superior aos inimigos. De 1940 até 1945, Mauthausen serviu para reclusão, especialmente, dos republicanos espanhóis e soldados de guerra.

Francesc Boix, catalão, preso no campo de concentração de Mauthausen no inverno de 1942, quando ele tinha 22 anos, ex-soldado e fotógrafo, que reportou de suas habilidades em fotografia e por falar alemão foi designado a fotografar tudo que acontecia no campo desde a identificação dos novos prisioneiros, as mortes, os assassinatos realizados pelo comando da SS, as apresentações, as festas e eventos particulares dos generais nazistas e a criação de cenários para divulgação do campo. Nesta função Boix, testemunhou todas as atrocidades cometidas.

As cenas demonstram o fotógrafo tentando sobreviver e manter salvo os registros dos horrores vividos ali para deflagrar e provar ao mundo as atrocidades ocorridos naquele local, pois, ele tinha a convicção de que ninguém acreditaria na versão contada pelos presos se não houvessem provas, sendo assim, ele e diversos presos começaram a esconder os negativos, em diferentes lugares.

Com a derrota de Hitler ordenaram a queima de todos os arquivos fotográficos de Mathausen mas, Boix consegue salvar uma caixa com inúmeros negativos e em determinado momento ele é torturado para que confesse onde escondia os mesmos, no entanto, permaneceu em silêncio e nesse ínterim as tropas alemãs abandonam o campo e a queda de Mauthausen.

Ao longo do enredo são apresentadas cenas extremamente, chocantes com os resquícios da crueldade, cometidas ao longo da trajetória do holocausto, que chocou e continua chocando a humanidade pela carnificina e desumanidade dos atos cometidos, cenas como o trabalho realizado nas pedreiras que os levava a morte por exaustão, as duchas coletivas de águas em temperaturas congelantes e as execuções dos prisioneiros de formas. Este filme nos faz refletir sobre o poder aliada a essência humana, quando corrompidas e doentias.

Sabrina Lopes Bueno

Bolsista do Projeto Cinestória (2020)

Discente do Técnico em Modelagem do Vestuário no IFSC Jaraguá do Sul - Centro